quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A Abolição dos Sintomas


39 graus era o que indicava o termômetro, e eu ali deitado á beira da morte. Tá bom não é pra tanto, logo iria me curar. Porém aquele estado em que estava, me deixava profundamente irritado.

A reflexão a aquela altura me parecia inevitável, e logo cheguei a uma conclusão pragmática. Os meus sintomas tinham de mudar. Veja bem, para quê arder em febre, com dor de cabeça e ainda de quebra ter uma insuportável dor no corpo? Ora , a doença já é uma coisa terrível, somente pelo fato dela ser um meio de leva-lo a sete palmos debaixo da terra.

Então partindo desse dogma biológico, pensei, os meus sintomas, sejam do que for, poderiam e deveria ser mais amigáveis. Logo criou-se a “Estelo-sintomologia Saudabilis”. Este era um campo de pesquisa destinado a cura dos sintomas malignos que só incomodavam.

Anos de estudos a fio, reunião com os mais renomados médicos e cientistas, dos mais variados campos. Reuni conteúdo dos mais diversos, desde Teoria das cordas com o físico Sheldon Cooper, passando por todos os conhecimentos médicos, eu disse TODOS, com um tal de Doctor House, e finalizando minha pesquisa com técnicas de tortura e viagens temporais com Sayd Jarrah.

Finalmente com ajuda de todos esses campos e uma mãozinha da tecnologia, criei um relógio biológicamente conectado ao corpo humano, por meio das pseudo-células nervosas. Estas por sua vez  tinham a capacidade de reprimir as dores e e incômodos , compacto-los em um e-mail e enviar a centrar de Reconhecimento e Identificação de Sintomas. Sob a supervisão do agora meu amigo House, essa central codificava aquele sinal do relógio , identificava a doença e repassava de volta uma mensagem de alerta, tão precisa que indicava o nível de urgência e tempo de vida.

Depois dessa invenção da vida, ganhei vários prêmios, fiquei riquíssimo e famoso. Na minha agenda tinha como rotina, almoço com presidente, lançamento de novos modelos em Tokyo, e até pequenas participações em filmes e seriados.  Estava no topo do mundo, até mesmo Steve Jobs reconheceu o meu talento e desenvolveu um aplicativo usado em diversos aparelhos Apple com a função do meu relógio assintomático. Isso é claro custava uma grana para ele, e me enriquecia mais e mais.

Tudo ia de vento em popa até que saiu uma notícia em que 500 .000 pessoas ao redor do mundo subitamente morrera, e a cada segundo mais pessoas caiam duras. Logo suspeitaram de terrorismo biológico. E em segundos o mundo estava se auto bombardeando, começou uma verdadeira guerra mundial, um genocídio globalizado.

Em meio a toda aquela baderna,as pessoas menos estúpidas se deram conta que a maioria das pessoas que morriam, usavam algum tipo de equipamento assintomático, mais precisamente 4 em cada 5. Então logo me aborreci e liguei para central, e um estagiário chamado Giovanni com a maior calma do mundo me disse: Senhor não se preocupe, o sistema saiu do ar por alguns momentos, mas logo ele estará de volta, ajudando todos que necessitam de uma vida melhor”.

PUTA QUE PARIU, como assim o sistema saiu do ar em tantos anos de projeto, nunca havia pensado nisso. Com medo da minha execução em praça pública fugi para Coréia do Norte, onde nem se sabia da existência da minha companhia de pequenos assassinos eletrônicos. Mas nem isso adiantou, meses depois eu estava preso, condenado a 50 anos de confinamento, completamente desafortunado, porém a fama nunca perdi. Agora ela só é diferente, sou comumente lembrado por ter indiretamente matado milhões de pessoas.

É bem verdade que em meu devaneio tecnológico acabei por desafiar a natureza, e descobri que mais cedo ou mais tarde acaba-se perdendo a batalha. Mas é bem verdade que a guerra continua.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Carta ao Vice-Presidente

Bom primeiramente devo informar que esta mensagem não é para o nosso excelentíssimo Presidente da República. É bem verdade que sua história de vida é igualmente impressionante, no entanto devo confessar que após assistir a uma entrevista concedida no programa do Jô, vi despertar em mim uma imensa admiração por nosso vice Presidente da República José Alencar. Sou um garoto de 18 anos que pouco conhece da história de nossos governantes, e não acreditava que isso fosse demérito, visto o cotidiano descontentamento com a situação política do país. Pura ignorância, apenas a prova de um pensamento nada crítico e baseado em posições midiáticas de senso comum. Mas enfim, hoje, nesta madrugada, percebi o quanto nosso país está recheado de pessoas incríveis. Desde o garoto de 14 anos, que sai de casa para trabalhar e sobreviver até o Vice-Presidente, que conta histórias semelhantes de dificuldades para vencer na vida. Ainda gostaria de agradecer ao senhor José Alencar por dar o exemplo, e isso é raro. Um exemplo de perseverança, coragem e determinação, sem nunca esquecer da família que tanto ama. Confesso-lhe, Vice-Presidente, que me emocionei ao ver o senhor falar das caixinhas de sabonete, que com tanta dificuldade enviava para sua mãe. É disso que estou falando, exemplos desses, em um mundo que predominantemente se fala de fracassos e tragédias, temos a honra, veja bem, A HONRA, de ter um momento de tamanha lucidez intelectual e lições de vida em plena madrugada. Senhor Vice-Presidente, venho em nome de todos os brasileiros congratula-lo por sua grandeza de espírito, é como o senhor mesmo diz, um "colosso" de pessoa, e ainda assim traz aquela humildade que lhe foi ensinada por "papai e mamãe". Após conhecer um pouco de sua história de vida, senti-me no dever de prestar essa simplória homenagem, e por favor perdoe os erros, eu nem ao mesmo sei como falar com uma autoridade como o senhor, mas saiba que é de coração. Me senti absolutamente tranquilo ao saber que existem pessoas como o senhor administrando nosso amado Brasil, e espero que você continue rebatendo com tanta excelência as tuas doenças, para que quando eu estiver na Presidência, você possa me guiar como Vice, como brilhantemente faz com o Lula (hehe). É apenas uma brincadeira, mas que fique bem claro, que se nós, brasileiros tivermos a metade da imensidão de sapiência cultural e emocional que o senhor tem, em breve seremos um país em que cada um saberá respeitar e admirar seu irmão de pátria. Muito Obrigado Vice-Presidente, não sei se esta mensagem lhe será repassada, mas sinto-me com dever cumprido. Com todo respeito e amor, Willian Roriz.