segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A história das cidades e suas distâncias


A estrada me trouxe recordações que outrora já estavam frias. Em alguns quilômetros encontrava rastros de coisas que deixei para trás, mais física do que mentalmente. Os pequenos vilarejos, casas simples com uma especialidade em simpatia e cortesia me faziam lembrar apenas de uma pessoa específica. O charme do interior nunca foi tão charmoso assim, mas os olhos do interior uma vez encontraram os meus, em um hotel. Nunca uma cidade pequena se fez tão grande, a presença dela era redundante,por vezes, invisível por tendência, contraditória por natureza. A unica verdade dessa história era a onipresença do seu sorriso, tão abobalhado quanto reconfortante, abobalhava e confortava.
Não podia prever proporções tampouco marcas que uma pequena cidade de interior poderia me causar. Tornei-me um pouco vulnerável, só não completamente porque a cidade era cercada de insultos por ser ridícula. Ridícula, ficava irritada , a cidade é claro, por não aceitar sua eventual condição de rídicula. Mas na realidade ridículo mesmo era eu que não aceitava minha eventual condição de apaixonado.
O tempo passou e a tão aguardada hora da despedida chegou, foi duro apesar de cercada de formalidades que envolviam beijinhos, promessas de contatos e principalmente o onipresente sorriso que um dia já escrevi sobre. E na poeira da estrada restaram apenas lembranças, e sobretudo esperança.
"Finalmente em casa, enfim minha vida volta ao normal", foi o que pensei, hoje vejo que apesar de minha imensa sabedoria( modéstia , eu sei), fui tolo. E mesmo com a distância física entre o grande e o pequeno, o mesmo grande e pequeno se tornaram cada vez mais próximos. Com a peculiar ajuda do Batman, noites de tédio transformaram-se em aventuras sem fim que sempre acabavam em gargalhadas e um copo de leite antes de dormir. Duas cidades se uniam sobretudo por suas almas, não por convicção ou qualquer besteira ideológica. Essas mesmas almas ameaçaram-se uma a outra a se separarem, o tempo se tornou um forte aliado da distância, na destruição de um castelo . O porém, o único porém disso tudo , é que o castelo não era feito de areia, aliás até era, areia com concreto e tijolos sustentado por uma relação moldada por amor e respeito.Hoje duas cidades sabem que podem contar uma com a outra e que a distância é um mero detalhe na confecção de jóias tão raras quanta a mais verdadeira amizade.
E a estrada continua cruzando caminhos que se perdem por conveniência e se reencontram por acaso ou por amor, e só assim , tão somente assim duas cidades podem enfim descansar em paz, uma ao lado da outra.

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