sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A arte plástica da política


Vale a pena mudar uma posição para agradar o público, ainda que não concorde com ela? Serra e Dilma acham que sim, ambos são a favor do aborto como política de saúde pública, no entanto, de acordo com o clamor social, vestiram-se em seus papéis e agora atuam para a proibição, e por enquanto representam muito bem. O engraçado é que pessoalmente falando, a candidata do PT não concorda, porém colocando a administração pública acima de seus interesses pessoais ela deixou-se levar a favor do aborto. Irônicamente o povo que teoricamente seria beneficiado pela política de legalização do aborto, é o mesmo povo que clama contra ele. Mudando a opinião do aborto de novo, transformando os candidatos em fervorosos fiéis.
E nesse jogo de papéis sociais, ideologias confundem-se com roteiros de campanha. E roteiros de campanha não tornam-se ideologias, causando uma espécie de anarquismo na cadeia de raciocínio político. Por isso fala-se muito que hoje em dia não existe mais nem direita ou esquerda tampouco uma bandeira para se defender de ambos os lados.
A disputa pelo voto concentra-se agora só pela disputa pelo voto. Não precisa mais falar em que se acredita, ou o que sonha. Utopia. Fale o que o povo quer ouvir,faça o que o povo quer ver, é mais simples, prático e eficiente, vide Tiririca. Depois de eleito, aí sim você pensa em plano de governo que lhe favoreça de verdade e não um fabricado pela campanha.
E mesmo depois disso tudo ainda tem gente que considera a política uma arte, e eles tem razão, não a arte da persuasão nem nada parecido, artes mesmo, artes plásticas. O Lula provou isso para a gente. Esculpiu um candidato, moldou até seus últimos detalhes, mas pecou. Faltou o toque pessoal do artista. O carisma. E não me torture por isso candidata Dilma, é só liberdade de expressão. Irônico não?

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