terça-feira, 12 de outubro de 2010

O Predador no tecido


Ela ouvia o choro do filho. Lágrimas iam escorregando pelo seu rosto como se fosse o curso natural de um rio, ou da vida. Não se sabe ao certo, o que se sabe mesmo com toda certeza é que as coisas não iam bem. Já lhe faltava até comida, e o pequeno Cauã já chorava de fome. Suas roupas da mais alta costura estavam ali encostadas, não conseguia vender uma sequer. Um negócio que um dia fora tão próspero, hoje não lhe rendia mais do que prejuízos.
Sem ter mas nenhuma saída, engoliu seu orgulho e foi ao concorrente mais próximo afim de entregar sua mercadoria inteira em troca de alguns trocados que lhes fossem úteis, pelo menos por enquanto. No caminho foi rezando, melhor brigando, só que com Deus. Perguntava-lhe por que não conseguia passar para frente uma peça qualquer, queria alimentar seu próprio filho, e praguejando perguntou se foi algo que fizeste, se não que lhe mandasse uma resposta.
Neste momento encontrou um velho amigo, que agora era um empresário muito bem sucedido. Logo ela explicou toda situação, esperando que o amigo pudesse lhe dar uma força, assim teria mais tempo com a produção de roupas, tentaria achar uma saída. O amigo foi grosso e não lhe deu muito tempo, parecia nem mais conhece-la, e no fim do curto papo com um ar de deboche lhe disse:
Tente bordar um pequeno jacaré no bolso de cada camisa, talvez ajude, até mais.
Isso a deixou intrigada, por um momento lhe surge um vontade inexplicável de realizar na prática a piada ofensiva do amigo. Deu meio volta, entrou em casa e assim o fez.
Bom o resto da história vocês já conhecem.

Baseada na obra de Woody Allen.

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